Várias centenas de milhares de pessoas voltaram a encher as ruas para celebrar a Revolução Portuguesa e relembrar a sua força, legado e atualidade na luta contra a direita e a extrema-direita.

Em Lisboa, marcharam mais de 200 mil pessoas, no Porto mais de 10 mil e muitos outros milhares nas principais cidades do continente e ilhas. Era palpável a energia e combatividade dos participantes que, quer integrando as centenas de associações, sindicatos e organizações políticas quer em pequenos grupos de amigos e familiares, se ouviram em uníssono gritando “fascismo nunca mais!”.

Mas, mais além da celebração a que o regime quer limitar esta data, a classe trabalhadora e a juventude voltaram a sentir a necessidade de sair à rua e de se manifestar contra o perigo da extrema-direita. O seu crescimento representa uma ameaça real para a classe trabalhadora no geral e em particular para os imigrantes, pessoas queer, mulheres e para todos os que lutam por uma vida melhor. Por isso mesmo, pelo segundo ano consecutivo, o desfile popular em Lisboa foi não apenas massivo, mas mais combativo, mais politizado e mais aguerrido do que em anos anteriores. Exigiu-se mais habitação, saúde e educação para todos, direitos iguais para todos, paz na Palestina e o fim às guerras imperialistas.

A direita e a extrema-direita contra-atacam

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Em Lisboa, marcharam mais de 200 mil pessoas, no Porto mais de 10 mil e muitos outros milhares nas principais cidades do continente e ilhas.

Cinquenta anos das primeiras eleições burguesas livres e universais no nosso país, as ameaças aos nossos direitos têm-se multiplicado desde a tomada de posse do governo da AD e da eleição de 50 fascistas para o Parlamento. O exemplo mais gritante é a campanha racista de terror policial montada contra os moradores dos subúrbios de Lisboa e contra os trabalhadores imigrantes, mas também a crise de habitação, saúde e educação que este governo nunca será capaz de resolver a nosso favor.

Este ano, o governo da AD recorreu a uma manobra burocrática para atacar o 25 de abril. Invocando o período de luto nacional pela morte do Papa, o governo — e algumas autarquias — cancelou as festividades associadas à data. Não é de estranhar que o façam, tendo em conta o ódio que a burguesia e as antigas elites nacionais nutrem pela Revolução Portuguesa que acabou com o fascismo e que nacionalizou a larga maioria da economia nacional, incluindo a banca, os latifúndios e a grande indústria.

Além disso, o governo — e o regime saído do golpe contra-revolucionário de 25 de novembro — convive extremamente bem com a existência da extrema-direita quer dentro do Parlamento quer fora. Prova disso foi o ataque que uma centena de neonazis do Ergue-te e 1143 foram capazes de executar no Rossio (Lisboa) contra os manifestantes que celebravam o 25 de abril. Aos gritos de “Salazar!” este bando de energúmenos fascistas contou com a total passividade e conivência da polícia que se encontrava a escassos metros do local das agressões mas que as deixou desenrolar-se e, posteriormente, ainda carregou sobre alguns jovens antifascistas. Finalmente, e após confrontos entre os neonazis e a polícia, Mário Machado (1143) e o ex-juiz Fonseca e Castro (líder do Ergue-te) foram detidos — e entretanto libertados, claro.

As tensões entre antifascistas e neonazis tinham vindo em crescendo desde o início da tarde com a marcação de uma concentração islamofóbica no Martim Moniz. A PSP e o Governo tinham total conhecimento da situação mas deram carta branca aos fascistas para continuarem a tentar intimidar-nos e a insultar quem passava. O perigo que estes grupos representam é real e é sistematicamente ignorado pelo governo da AD que lhes reconhece utilidade para atacarem imigrantes, pessoas queer e ativistas de esquerda.

A extrema-direita derrota-se nas ruas

PS e os partidos à sua esquerda criticaram duramente a tentativa do governo de “cancelar” a celebração do 25 de abril e aproveitaram o banho de multidão como um momento de campanha pré-eleitoral para as legislativas. O Partido Socialista, que aprovou o Orçamento do Estado e que recentemente admitiu recuar na CPI ao caso Spinumviva, aproveitou a ocasião para desferir um ataque a Luís Montenegro e à AD que não os compromete em termos de programa. Pedro Nuno Santos pôde estar na rua e defender os valores da liberdade, da democracia e da igualdade, mas sem se comprometer politicamente com a sua implementação concreta na vida das populações.

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Militantes da Esquerda Revolucionária em Lisboa.

A esquerda reformista teve mais uma oportunidade perdida para mobilizar os trabalhadores e a juventude contra o perigo da extrema-direita e apresentar um programa capaz de fazer frente à sua violência. Programa bastante necessário, como aliás os eventos do próprio dia confirmam. No entanto, limitou-se a apontar a necessidade de aumentar a sua própria votação como um fim em si mesmo.

Nós, na Esquerda Revolucionária, não defenderemos a abstenção nas próximas legislativas e sabemos que é necessário derrotar a direita nas urnas. Mas, a nível nacional e internacional, é cada vez mais óbvio para uma camada alargada da população que este sistema não tem nada para nos oferecer na luta contra a extrema-direita e o fascismo. Este sistema alimenta e permite que estas forças proliferem e cresçam com total impunidade. Cabe-nos a nós, trabalhadores e jovens antifascistas, lutar nas ruas contra este perigo.

Precisamos de estar organizados nos nossos espaços, nos nossos bairros, locais de trabalho e de estudo, contra a extrema-direita. Contra os seus ataques e violência e também contra a sua política de tentar dividir os trabalhadores entre nativos e estrangeiros.

A Esquerda Revolucionária participou nas manifestações em Lisboa e no Porto com a nossa propaganda e defendendo a necessidade de construir uma esquerda combativa que lute contra a extrema-direita e que esse combate será, em primeiro lugar, nas ruas.

A resposta que temos de dar a estes fascistas foi aquela que demos: encher as ruas aos milhares. Nós somos muitos mais do que eles e voltamos a demonstrá-lo!

25 de abril sempre! Fascismo nunca mais!

É preciso construir uma esquerda combativa!

Junta-te à Esquerda Revolucionária!

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