Vamos vencer esta luta!

O que aconteceu ontem, segunda-feira, foi histórico. Nas assembleias gerais e nos estaleiros, milhares de trabalhadores disseram NÃO ao vergonhoso acordo assinado pela burocracia da UGT [Unión General de Trabajadores] com a patronal.

E hoje, terça-feira, toda esta indignação com a traição que tentaram perpetrar manifestou-se de forma contundente: na assembleia unificada da CGT [Confederación General del Trabajo] e da CTM [Coordinadora de Trabajadores del Metal] esta manhã, à entrada dos estaleiros de Cádis, com a presença de mais de 1000 trabalhadores, votou-se a continuação da greve por tempo indeterminado e um plano de ação decisivo.

Mais de 4000 trabalhadores de todas as empresas levaram a cabo uma manifestação depois da Assembleia, que encheu de dignidade operária as ruas da cidade. Num clima de combatividade, confiança e determinação, os cânticos contra a burocracia sindical, pela greve, contra a patronal, e em defesa da saúde pública foram estrondosos.

Antes, na assembleia, as intervenções foram vibrantes. Os representantes da CTM, Jesús Galván, e da CGT, Antonio Muñoz, manifestaram o sentimento de todos os ali presentes: de forma alguma vamos consentir que um bando de burocratas, às escondidas dos trabalhadores, cometa um assalto à mão armada para beneficiar uma das patronais mais selvagens e reacionárias de todo o Estado.

Todos nós presentes vimos como se pode defender um sindicalismo combativo e os métodos democráticos. Como pode haver uma direção à altura do desafio, que mobilize todas as suas forças para alcançar uma vitória retumbante.

Na assembleia, votaram-se de mão levantada uma série de pontos. Em primeiro lugar, exigiu-se a demissão da comissão negociadora do contrato coletivo de trabalho, por entre gritos de “Montoro, demissão!”, em referência ao líder da UGT, que assinou o pacto da vergonha. Também se exigiu a continuação da greve por tempo indeterminado e a convocação de uma nova manifestação, com todas as famílias dos trabalhadores, para amanhã, quarta-feira, dia 25, às 10h00, na Praça San Severiano. E a realização de assembleias unificadas diárias para decidir os diferentes passos na luta.

Os e as camaradas da Izquierda Revolucionaria e do Sindicato de Estudiantes de Cádis temos estado lado a lado com os metalúrgicos desde a primeira hora da manhã. O nosso camarada Antonio Muñoz, responsável da ação sindical da CGT metalúrgica, discursou na assembleia em San Fernando às 7 da manhã, onde todas as propostas foram aprovadas por aclamação. Depois da assembleia unificada e da manifestação, uma faixa do Sindicato de Estudiantes com a palavra de ordem “A juventude com a luta dos metalúrgicos!” encabeçou a marcha de centenas de trabalhadores.

A manifestação percorreu várias ruas e praças, em primeiro lugar à Justiça para demonstrar toda a solidariedade com os camaradas detidos ontem após a brutal repressão da polícia de Marlaska, e por fim, à sede da patronal, onde foi também lida a mensagem de solidariedade dos camaradas da CGT em Navantia Ferrol, na qual nos disseram que jamais farão de fura-greves face às notícias da imprensa de transferir uma fragata em construção de Cádis para o estaleiro de Ferrol.

Estamos perante uma batalha que marca um antes e um depois. A experiência da greve de 2021 não foi em vão. Os trabalhadores metalúrgicos gaditanos estão fartos dos abusos, da insegurança e do desprezo por parte da patronal e da burocracia da UGT e CCOO [Comisiones Obreras]. A pressão é tão grande que o aparato deste último sindicato teve de se demarcar do acordo, embora continuem a insistir negociar por migalhas. E as migalhas não nos tirarão da pobreza nem da precariedade.

Hoje, milhares de metalúrgicos de Cádis superámos os burocratas e ensinámos-lhes uma lição inesquecível. É claro que agora enfrentaremos novos desafios, e aqueles que querem uma classe trabalhadora submissa e derrotada mobilizar-se-ão para manobrar e romper a greve. Mas estamos preparados para lhes responder.

O sindicalismo combativo escreveu uma página exemplar. Os camaradas da CTM e da CGT, com coragem, visão e determinação, colocaram-se à frente desta luta, e esta é a condição para que os métodos da democracia de assembleia e da luta de classes se impõem sobre a paz social. É uma inspiração e uma escola, pois é assim que se constrói consciência de classe e avançam as ideias socialistas e anticapitalistas no movimento dos trabalhadores. Na vida real, nas greves, nas lutas, lado a lado com a nossa classe, e não em tertúlias de café.

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