Em capitalismo, nós, raparigas, jovens, mulheres e pessoas LGBTI+ de classe trabalhadora somos exploradas e oprimidas, sofremos violência machista em todos os espaços — dentro das nossas casas, no trabalho, na faculdade, na escola, nas ruas, na internet.

Em Portugal, só no último trimestre, foram feitas cerca de 9.000 queixas por violência doméstica. É o valor mais elevado nos últimos quatro anos. Em 2022, até setembro foram registradas 23.250 queixas, a grande maioria feitas por mulheres. Até 15 de novembro já tinham sido assassinadas às mãos de companheiros 28 mulheres, quase o dobro face aos 16 do ano passado — além de 48 tentativas de assassinato. Apenas no primeiro trimestre deste ano registaram-se cerca de 500 violações de crianças, a maioria raparigas. 

Estes números mostram a dimensão brutal da violência machista, e esta é só uma fração da realidade…, porque a maior parte dos casos de violência machista não é denunciado nem registado.

Sob o sistema capitalista, o processo de denúncia torna-se um verdadeiro martírio. Não temos que resistir apenas à violência machista em si. Quando as denúncias não são imediatamente desconsideradas pela polícia, temos ainda de vencer o medo e resistir às dificuldades económicas que estas implicam. Temos de resistir às barreiras burocráticas do Estado, à violência das declarações e aos testemunhos em tribunal. Temos que resistir a juízes e juízas que nos culpabilizam. Temos que ver os nossos agressores serem defendidos e saírem impunes.

Todo o aparelho do Estado é conivente com a violência que sofremos e responsável por nos manter nessas situações. Quando a secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade diz, em mais uma campanha publicitária contra a violência contra as mulheres, que "é uma pandemia permanente" e “que nos devemos mobilizar para a denúncia e para o apoio às vítimas", em poucas palavras mostra o caracter machista do capitalismo e a desconsideração do Estado no apoio às mulheres pobres e trabalhadoras e o desinteresse no investimento em serviços públicos que dêm resposta e uma alternativa para vivermos.

Para acabar com a violência machista é necessário por fim a todos os despejos, garantir apoio psicológico público e gratuito, garantir que todos os serviços sociais tenham recursos económicos e humanos para garantir o apoio a todas as vítimas. É necessário garantir o pleno emprego com um salário mínimo de 1.200€ ou um subsídio de desemprego no mesmo valor para que possamos ser financeiramente independentes.

Num período em que a violência machista aumenta, a crise económica se aprofunda, em que a extrema-direita apoiada por vários setores da burguesia cresce, assim como o seu discurso machista, racista e LGBTI+fóbico só com a organização política e a luta revolucionária podemos acabar com o sistema capitalista! Só assim conseguiremos manter-nos vivas, livres e combativas e garantir uma vida digna de ser vivida!

Só a construção de uma sociedade socialista, em que todos os recursos estarão colocados não só ao serviço das mulheres vítimas de violência machista, mas ao serviço da classe trabalhadora como um todo, será possível pôr um fim definitivo à opressão que sofremos!

Junta-te às Livres e Combativas para lutar por um feminismo combativo e revolucionário!

JORNAL DA ESQUERDA REVOLUCIONÁRIA

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