Donald Trump e Netanyahu acordaram 20 pontos infames para Gaza, que estão a ser apresentados pelos mesmos meios de comunicação e governos que durante dois anos se recusaram a reconhecer o genocídio, como um “plano de paz”. É mentira. Estamos perante a “paz” dos genocidas e dos colonialistas!

Estamos perante um plano feito à medida dos sionistas e dos seus aliados imperialistas estado-unidenses, que os isenta dos seus crimes, retira Gaza aos palestinianos, negando-lhes a menor sombra de justiça e transformando-os em sujeitos de um regime colonial sob o controlo direto de Donald Trump. Tudo isto com o reconhecimento e apoio da ONU e de todos os governos do mundo, a começar por aqueles que criticaram o genocídio, como o espanhol.

Depois de massacrar a população palestiniana durante dois anos, com mais de 680.000 assassínios (380.000 dos quais crianças), como reconheceu publicamente a relatora da ONU para a Palestina a 15 de setembro, surge agora a maior infâmia: retirar ao povo palestiniano qualquer direito de existir, transformar oficialmente Gaza numa colónia e manter a Cisjordânia sob controlo sionista num regime muito semelhante ao do apartheid.

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Donald Trump e Netanyahu acordaram 20 pontos infames para Gaza, apresentando-os como um “plano de paz”. É mentira! Estamos perante a “paz” dos genocidas e dos colonialistas!

Caso houvesse alguma dúvida, Netanyahu não demorou meio dia para deixar claro que "o exército sionista permanecerá na maior parte de Gaza e que nunca reconhecerá um Estado palestiniano".

O que fizeram Trump e Netanyahu foi selar a partilha do espólio, como assassinos e bandidos imperialistas que são. E, de passagem, utilizar o apoio ao seu “plano de paz” por parte das instituições internacionais e dos governos para tentar apagar as pegadas dos crimes cometidos e daqueles que pensam continuar a cometer numa Gaza sob o seu controlo.

Uma colónia sob a tirania de Trump

Com Trump à frente do comando direto das forças de ocupação e presidindo à chamada “Junta de Paz” (se não fosse tão trágico e criminoso, seria uma piada de mau gosto), e contando com o apoio de outro imperialista que também carrega nos ombros crimes de guerra no Iraque, o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, transformado-se numa espécie de vice-rei colonial, o povo palestiniano só pode esperar mais opressão e barbárie.

O controlo dos recursos gasíferos de Gaza, das suas terras, os planos para transformar este território devastado num resort de luxo, ficariam nas mãos do presidente dos Estados Unidos, que se encarregaria de distribuir concessões às empresas que bem decidisse. As referências a um “Governo tecnocrático formado por personalidades palestinianas e árabes” não passam de uma cortina de fumo destinada a disfarçar a ocupação e transformação de Gaza num protetorado colonial.

É a velha tática que diferentes impérios têm utilizado no passado nas suas colónias; escolher alguns cipaios, fantoches submissos que apareçam como faces públicas de um suposto governo de transição, enquanto as decisões são tomadas pelo ocupante. Neste caso, o próprio Trump, no melhor dos cenários discutindo-as com os seus compinchas dos Conselhos de Administração desses mesmos bancos e grandes empresas que têm patrocinado o genocídio, que financiam a indústria militar sionista e desenvolveram todo o tipo de contratos milionários imobiliários e turísticos para “reconstruir Gaza” após toda a destruição que eles próprios semearam.

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É a velha tática que diferentes impérios têm utilizado no passado nas suas colónias; escolher alguns cipaios, fantoches submissos que apareçam como faces públicas de um suposto governo de transição, enquanto as decisões são tomadas pelo ocupante.

Com este plano, Trump e Netanyahu cumpririam os principais objetivos que tinham ao iniciar este holocausto contra o povo palestiniano. O imperialismo dos Estados Unidos, por falta de capacidade para se impor economicamente e produtivamente ao seu concorrente, o bloco imperialista liderado pela China, envia uma mensagem ao mundo: não vai renunciar às suas posições e interesses sem semear a máxima barbárie e recorrer às medidas colonialistas e imperialistas mais extremas.

Netanyahu já apresentou a conversão de Gaza numa colónia partilhada com os EUA como uma grande vitória. Ao mesmo tempo, o acordo permite-lhe manter o apoio económico e militar incondicional do imperialismo estado-unidense e ocidental, ameaçado pela mobilização internacionalista em solidariedade com a Palestina que percorre o mundo.

A diplomacia dos Estados Unidos e dos seus principais aliados europeus garantiu o apoio dos governos dos Emirados Árabes Unidos e do Egito, que não hesitaram nem um segundo em aplaudir um plano que especifica que os habitantes de Gaza que não aceitarem a condição de súbditos do regime colonial poderão sair “livremente” para os países vizinhos. Washington conseguiria a abertura da passagem de Rafah para o Egito, bloqueada há meses pelo regime de Al Sisi, e conseguiria expulsar parte da população palestiniana para o Egito ou outros países árabes sempre que necessário.

Como temos denunciado em numerosas ocasiões, a traição dos Governos árabes e muçulmanos é um elemento chave sem o qual os planos genocidas de Washington e Tel Aviv nunca teriam podido chegar tão longe. O mesmo se aplica à China e à Rússia, que privilegiam a manutenção das suas aspirações geopolíticas e os lucros das suas empresas no Médio Oriente, incluindo Israel, em vez de dar o mínimo passo em apoio ao povo palestiniano.

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Estamos habituados às traições dos governos ocidentais e agora capitularam vergonhosamente mostrando o seu rápido apoio a este plano colonialista e criminoso; o mesmo fizeram a Rússia, China e os governos árabes.

O movimento de massas contra o genocídio é a única coisa que tem colocado muitos Governos em xeque, obrigando-os a reconhecer que existe um genocídio e, inclusive, como no caso do governo de Pedro Sánchez do Estado espanhol, a decretar um embargo de armas que ainda está por concretizar.

Mas como advertimos, os governos ocidentais já nos habituaram à traição das suas promessas, e agora capitularam vergonhosamente, mostrando o seu rápido apoio a este plano colonialista e criminoso. Além disso, tentam vender-nos a ideia de que este acordo entre dois assassinos como Trump e Netanyahu, que submete a população de Gaza a um Governo sob controlo absoluto do tirano racista, imperialista e com rasgos fascistas da Casa Branca, é um passo em direção à “paz” e ao reconhecimento de um suposto estado palestiniano. A quem querem enganar?

Sánchez e os outros presidentes que propuseram o reconhecimento deste suposto Estado palestiniano sabem perfeitamente que se trata de pura ficção, enquanto existir o Estado sionista, supremacista e racista de Israel.

Agora mais do que nunca, devemos tomar massivamente as ruas, exigindo ao governo que não apenas retire o apoio a este plano, mas que rompa totalmente e imediatamente as relações com Israel. É preciso parar tudo para parar o genocídio. Não precisamos de medidas simbólicas, mas de levar para a rua toda a força e raiva que existe e mobilizá-las como um só punho. Não há tempo a perder.

Do rio ao mar, a Palestina vencerá!

Parar tudo para acabar com o genocídio!

Greve geral de 24 horas já exigindo a rejeição do plano colonialista e a rutura total das relações com Israel!

JORNAL DA ESQUERDA REVOLUCIONÁRIA

JORNAL DA LIVRES E COMBATIVAS

Sindicato de Estudantes

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