Na última semana, as manifestações pela Palestina e pela libertação dos ativistas da flotilha humanitária ganharam um novo alento por todo o Mundo. Em Itália, houve nova greve geral. No Estado espanhol, houve greve estudantil convocada pelo Sindicato de Estudiantes e outras manifestações. Em Amesterdão, 250 mil pessoas encheram o centro da cidade. Em Berlim, Cidade do México, Londres e um grande etc. um pouco por todo o Mundo. Fomos milhões a exigir aos nossos governos o fim do genocídio na Palestina, a libertação dos ativistas sequestrados e o corte de todas as relações com o Estado sionista.

Portugal não foi excepção: assim que se obteve confirmação do sequestro dos quatro portugueses envolvidos na flotilha, foram convocadas manifestações em mais de 20 cidades por todo o País para o dia seguinte, 2 de outubro. 

O movimento aumenta a combatividade

Em Lisboa, mais de um milhar de pessoas gritaram durante 3 horas em frente à embaixada de Israel. A concentração contou com várias personalidades da esquerda reformista que foram tentando, em vão, que os seus discursos fossem aceites pelo público. Mas os jovens e trabalhadores mais radicalizados interromperam-nos várias vezes, entoando palavras de ordem contra Israel e a favor de uma “Greve geral em todo o Portugal!”. Após as três horas, várias centenas de jovens saíram em manifestação espontânea desde o Saldanha até à Baixa, procurando, com sucesso, fazer-se ouvir durante o debate das autárquicas por Lisboa, que decorria na Rua Augusta. 

No Porto, a manifestação foi ainda mais massiva. Mais de três mil pessoas encheram a praça D. João I e, devido ao número de pessoas, rapidamente transbordaram para o meio da estrada. Durante mais de 3 horas o cruzamento que alimenta a Avenida dos Aliados e a Rua Sá da Bandeira esteve completamente bloqueado por esta maré humana! A polícia foi completamente impotente. Já depois das 23h, um grupo menor de jovens procurou efetuar outros bloqueios que foram atacados por dois homens e em seguida pela polícia, tendo uma jovem sido agredida por um polícia e transportada para o hospital.

Foi notória a raiva de todos, mas em particular da juventude, não apenas contra o Estado genocida de Israel, mas igualmente contra todos os governos ocidentais que são cúmplices e, em especial, contra o governo da AD. Os trabalhadores e a juventude estão fartos de discursos bonitos para nos enganar e de nenhuma ação. Outra das ideias muito presente nestas manifestações é que, uma vez que os governos nada fazem, teremos de ser nós a fazer. E os métodos para o fazer são precisamente os métodos da classe trabalhadora: as manifestações de massas, os bloqueios e a greve geral.

De notar ainda que, perante a combatividade e a desobediência civil operada na noite de dia 2, a cobertura mediática foi quase nula. A manifestação espontânea em Lisboa não teve qualquer cobertura mediática da comunicação social burguesa. E as notícias e reportagens sobre o Porto ficaram a anos-luz de mostrar a verdadeira amplitude e força da manifestação. Enquanto isto, os comentadores do costume ao serviço dos sionistas vomitavam as suas mentiras e demagogia em direto.

Grande manifestação

Apenas dois dias depois, no sábado, dia 4, a baixa lisboeta voltou a encher com muitos milhares de trabalhadores e jovens que durante 2 horas gritaram palavras de ordem sem parar. Superámos o movimento de dia 2 e o ambiente fervia com a nossa raiva contra o genocídio palestiniano e as torturas aos ativistas da flotilha.

Esta raiva explica-se por um acumular de fatores. Os dois anos de genocídio em Gaza, toda a mentira e hipocrisia dos regimes ocidentais, a cumplicidade dos regimes árabes, russo e chinês que se recusam a quebrar relações comerciais e diplomáticas com o Estado sionista, a criminalização da resistência palestiniana e de movimentos que protestam contra o genocídio — o Palestine Action no Reino Unido e o Samidoun na Alemanha — e o mais recente sequestro e tortura aos ativistas da flotilha humanitária.

A luta contra o genocídio na Palestina mostrou, a muitos milhões de trabalhadores e jovens, a verdadeira face das ditas democracias ocidentais que preferem manter os seus negócios ao invés de fazerem algo de concreto para parar a matança de mais de 300 mil palestinianos, segundo estimativas.

Aos gritos de “Israel é um Estado assassino! E viva a luta do povo palestino” ou “Do rio até ao mar, Palestina vencerá!” a vontade dos manifestantes era a de continuar, de fazer algo mais. Infelizmente, as organizações promotoras falharam em apresentar um plano de acção mobilizador e que deveria ter sido apresentado naquela hora.

Após o fim da manifestação principal, várias centenas de jovens dirigiram-se à estação ferroviária do Rossio e bloquearam-na durante mais de 1 hora. Um dos jovens foi eletrocutado por uma catenária e transportado para o hospital. A Esquerda Revolucionária solidariza-se com este companheiro e deseja-lhe as melhoras rápidas.

Avançar para a greve geral

Entretanto, graças ao movimento de solidariedade internacional, vários ativistas da flotilha foram resgatados e, no caso dos portugueses, já regressaram a Portugal. Mas o genocídio não parou e o “plano de paz” de Trump significa a submissão total dos palestinianos e a continuação da ocupação e da opressão.

Existe muita vontade e determinação para ocupar as ruas e é necessário canalizar esta energia com os métodos da classe trabalhadora e em crescendo. Temos de dar um passo em frente. É necessário elevar a nossa organização e mobilização. É necessário pressionar as centrais sindicais, em especial a CGTP, para convocar a greve geral contra o genocídio na Palestina e o novo ataque do governo aos direitos laborais.

Esta greve geral deve exigir ao governo, instituições e empresas portuguesas o corte imediato de todas as relações com o Estado genocida de Israel: relações comerciais, diplomáticas, académicas e culturais.

Historicamente foram os movimentos e as greves de massas que conseguiram arrancar vitórias à classe dominante. Precisamos de um grande movimento internacional da classe trabalhadora que afirme de forma clara aos capitalistas que vamos parar tudo enquanto o genocídio continuar.

JORNAL DA ESQUERDA REVOLUCIONÁRIA

JORNAL DA LIVRES E COMBATIVAS

Sindicato de Estudantes